19 de agosto de 2014

"As pessoas precisam parar de pensar que quem nasceu na periferia não pode querer mais para a vida "

Foto: Marcus Caetano
Eles já estiveram por aqui se apresentando. Não viu? Clica aqui. Agora, nós vamos bater um papo sobre música com o grupo VNBOYZ. O cenário nacional do RAP e do HIP HOP, a produção independente e os preconceitos enfrentados fazem parte dessa conversa.

DL: Qual a dificuldade em viver de música no Brasil?

Bira: Acho que a maior dificuldade é depender da sorte para aparecer na mídia e ser reconhecido por um empresário que enxergue potencial e lucro no que você faz. Já não basta só ter talento. Isso sem contar na necessidade de ter dinheiro para investir em produção. As redes sociais ajudam muito na divulgação, mas quase todo o processo de produção depende de dinheiro. Dinheiro e sorte.


DL: Qual o papel das redes sociais na produção independente? 

Alê: As redes sociais sempre tiveram um papel extremamente importante, pois o custo para gravar e divulgar uma música é muito alto. A internet é uma ferramenta que funciona como uma aliada nessa parte. 

Bira: Além disso, tem a divulgação na base do “boca a boca” que todos fazem. Pedimos apoio e sempre contamos com amigos e fãs. Conseguimos sentir isso na diferença entre o lançamento de Califórnia Brasileira e Apenas um Olhar. O segundo conseguiu mais acessos em menos tempo, pois as pessoas já conheciam o primeiro trabalho. 


DL: Ainda existe preconceito com o gênero musical HIP HOP?

Bira: Já conquistamos muito espaço na mídia, mas ainda existe preconceito com todo o universo do estilo de vida HIP HOP. As roupas, o grafite e tudo que faz parte da cultura de rua. De uns anos pra cá muitos Mc’s estão conquistando seu lugar e sendo premiados entre os grandes cantores brasileiros. Uma nova geração como Emicida, Rashid, Criolo e etc está sendo ouvida pelo grande público. A participação do MV Bill na novela global Malhação é um ponto importante. Ele foi muito criticado na época, pois adentrou no sistema e na mídia que criticamos por ser racista e alienante, mas foi uma forma de colocar o RAP e o negro em outro contexto e espaço. São pequenas coisas que vem fazendo a diferença.

Prince: As pessoas ainda associam o RAP a coisas negativas, como a violência e a apologia às drogas. Mas a nossa música tá aí para provar que o conteúdo vai além e que podemos ter nosso próprio estilo e falar do que quisermos nas letras.


DL: Qual a identidade musical da VNBOYZ?

Prince: Dizem que para ser RAP precisa ser de protesto, precisa falar das coisas ruins da periferia. Mas nós já vivemos isso, sabemos o que acontece no nosso dia a dia. Nosso RAP é para cantar as outras coisas da vida também, como o amor e tudo que queremos para nossa vida. Nós desejamos passar mensagens otimistas e mostrar onde podemos chegar.

Alê: As pessoas precisam parar de pensar que quem nasceu na periferia não pode querer mais para a vida. Quando o RAP coloca a periferia em ascensão essa mentalidade muda, e isso nos dá força para mostrar que também queremos conquistar nosso espaço.


DL: Como vocês enxergam a cidade que vivem e que é retratada nas produções de vocês? 

Alê: Quando lançamos Califórnia Brasileira fomos acusados de ser um grupo da periferia fazendo “RAP ostentação”. Mas o objetivo da música é justamente criticar a ostentação e os contrastes sociais da daqui. O contraste é a cara da cidade e nós questionamos isso. Além disso, tem o racismo. Em Ribeirão Preto existem muitos espaços elitizados que precisam ser ocupados. Acho que já passou da hora de engolirem o fato de que nós existimos e também temos direitos.


DL: Quais são os próximos projetos da VNBOYZ?

Alê: Ainda estamos trabalhando na ampla divulgação de Apenas um Olhar para levantar a popularidade do grupo e atrair público para os próximos lançamentos. Em breve vamos lançar uma web série sobre nosso cotidiano, já começamos a filmar e vamos disponibilizar na internet. Além disso, tem a gravação de uma mixtape com mais músicas inéditas.
Prince e Bira - Por: BIGSHINE PRODUCTIONS

DL: Quais os maiores sonhos e objetivos de vocês com a VNBOYZ?

Bira: Melhorar nossas próprias vidas. Somos cidadãos comuns, que trabalham muito para viver numa sociedade desigual, injusta. Então é claro que queremos mudar nossas vidas e ter conforto. Nossa outra diretriz é usar nossa imagem para ajudar os outros em ações beneficentes e passar mensagens positivas de paz e amor.

Alê: Nos nossos sonhos mais altos nos vemos cantando em grandes festivais e shows, mas o que queremos é viver de RAP. Ter uma vida tranquila e poder viver da nossa música.
Foto: Marcus Caetano


Contato para shows:
(16) 99191-5882
99107-5633
99116-1478
98811-7068

Curta a VNBOYZ na internet e acompanhe também a nossa página

Nenhum comentário:

Postar um comentário