10 de maio de 2015

Para as jovens mães que eu conheço


Lara e Rita

Eu fiquei pensando até a madrugada do domingo em como escrever algo para ou sobre as mães. Como conseguir expressar qualquer coisa sobre um mundo que eu só conheço de um lado? Um mundo tão diverso que eu só conheço pelo lado menor, o lado mais egoísta e confortável: o de filha.

Mas eu queria escrever, então comecei a pensar em caminhos. Pensei em como seria se eu descobrisse hoje que estava grávida. Seria uma surpresa, um susto, uma loucura, um sonho e um pesadelo. Na verdade eu nem consigo descrever a quantidade de medos e coisas aleatórias que passaram na minha cabeça. Só por um minuto eu me coloquei no lugar de uma mãe e isso foi inexplicável. Uma jovem e inesperada mãe. 

Então me lembrei das jovens mães que conheço e admiro: Fran, Lara e Luísa. A gente se conhece do mesmo lugar, da mesma geração e talvez até dos mesmos sonhos. Mas um dia nossos caminhos tornaram-se diferentes. Da inconsequência e toda pretensão dos nossos vinte e poucos anos, nossos caminhos, mesmo cruzados, se diferenciaram por revoluções. A primeira chamada Raul, a segunda chamada Rita e a terceira chamada Antônio. 

Fran, Lara e Luísa. Mães. Só vocês sabem a história e a trajetória de cada gestação. A história que existe por trás ainda do que vocês mesmas já me contaram. Tudo que imaginaram e sentiram até que seus filhos chegassem ao mundo. Ao nosso desconcertado mundo de vinte e poucos anos apenas sendo filhas. Só vocês sabem. Durante esse um minuto em que me coloquei no lugar de vocês minha cabeça só conseguiu pensar em perguntas. Então percebi que a diferença entre nós é que vocês tiveram que lidar com as respostas. 

Fran e Raul
As respostas diante do espelho ao ver a barriga crescendo, o corpo se transformando, o modo das pessoas ao redor enxergarem e tratarem vocês, os medos, os sentimentos, as dúvidas e as certezas. Nada que eu escreva vai expressar a admiração que tenho pela coragem de vocês. Cada uma a sua maneira, escolheu fazer parte de um novo mundo sem saber nada sobre ele. O destino deu a vocês uma passagem apenas de ida para um lugar desconhecido. Vocês foram. 

Eu não vi e nem vejo de perto as noites mal dormidas, as preocupações com o futuro, as dificuldades de conciliar as tarefas diárias, o aperto com a vida financeira, o sentimento de culpa por um deslize, os choros abafados e todas as transformações diárias que Raul, Rita e Antônio causam em vocês. 

Tive que escrever apenas para dizer que aquele um minuto foi suficiente para que eu percebesse o quanto vocês são grandes. Vocês não devem sentir-se especiais apenas no dia de hoje. Vocês são mães todos os dias e principalmente, quando ninguém está vendo. Se algum dia alguém disser que estão errando, que poderiam fazer melhor, que não deveriam ter tido filho tão cedo ou então que terão que abrir mão de algo por causa dessa escolha, lembrem-se disso: vocês são grandes. Maiores que qualquer medo ou julgamento. Vocês atravessaram e atravessam todos os dias um caminho que só vocês conhecem. A cada dia um passo e a cada passo uma descoberta.

Acho que não foi a maternidade que fez nascer a grandeza em vocês. Toda a força que hoje existe e só tem a crescer, já estava aí e só precisava se revelar através de algo. Raul, Rita e Antônio foram “o jeito” que a vida deu de mostrar a vocês mesmas o quanto podem ser fortes, generosas, sensíveis e capazes de coisas que nunca imaginaram. 

Luísa e Antônio


Acredito que todas as mulheres têm essa força dentro de si, algumas serão mães e outras não. Mas todas têm. Essa força é revolucionária e vocês agora lutam com Raul, Rita e Antônio. Lutam por Raul, Rita e Antônio. Sejam revolucionárias, ou seja, sejam mães.




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