Valeu, Leila Diniz!

Leila Diniz - Foto: internet

É Leila... Hoje você completaria 70 anos. Considerando os 27 que viveu, acho que seriam belos e bem vividos 70 anos. Acho que se você estivesse aqui estaria dando rolê de biquini pela praia com sua amiga Bete Faria. Estaria estampando manchetes ao dizer que a televisão tá “careta demais” com esse reboliço todo por causa de um beijo em novela . Acho que você ainda faria diferença.

Eu tenho idade para ser sua neta e de certa forma acho que sou. Sou a terceira geração de mulheres que vivem um Brasil em transformação. Infelizmente, todo aquele machismo que você criticava e sentia na pele ainda existe. Nós ainda somos julgadas e agredidas pela roupa que vestimos, a forma como vivemos nossa sexualidade ou até mesmo o trabalho que escolhemos ter. É, eu sei, as mudanças nesse país caminham muito lentamente... 

Mas até que eu tenho coisas boas para te contar. Existem muitas “Leilas” espalhadas por aí. Graças a uma delas, em 2006 nós conquistamos o direito a uma Lei. É a Lei Maria da Penha, que serve para nos proteger da violência doméstica. Mas você viveu na Ditadura Militar e sabe muito bem que só um papel não nos garante muito. É preciso união e luta para fazer a teoria virar prática. E assim vamos seguindo.

Ah! Há pouco tempo nossa presidenta (pois é, temos uma presidenta) sancionou uma Lei que tipifica o crime do feminicído . Agora não podem mais mascarar estatísticas dizendo que foi "crime passional", acidente ou qualquer outra desculpa que antes usavam para matar mulheres. É crime de gênero, é misoginia e o Brasil começa a declarar essa face.

Toda mulher ainda precisa matar um “leão por dia” apenas por ser mulher. Mas aos poucos nós estamos ganhando cada vez mais voz e espaço para lutarmos por nossa liberdade e direitos. As que ousam levantar a voz assim como você já fazia anos atrás, ainda continuam com fama de “desbocadas” ou “rebeldes”. Mas fazer o que né? Caladas é que não vamos ficar. 

Leila polemizando ao mostrar a barriga de grávida - Internet

Acho que você se orgulharia de muitas artistas que não deixam morrer seu legado e que andam dando show também fora dos palcos. Essas ainda acreditam que a arte é revolução. Entre as famosas acho que você ia adorar conhecer Pitty e Valesca, por exemplo. Elas têm dado o que falar...

Sei que você nunca abraçou a causa feminista e nem o título de revolucionária. Mas o que pode ser mais revolucionário e feminista do que ser e se afirmar uma moça livre nos anos 60? 

Sabe Leila, eu sou dessas... Desde antes de entender o que era feminismo eu já havia me encantado pela sua ousadia de ser quem é. Esse aqui é um espaço que eu uso para falar o que eu quiser e hoje eu senti que precisava te dizer obrigada, você é foda!  E como já escreveu e cantou por aí nossa diva Rita Lee: Toda mulher é meio Leila Diniz.

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