24 de agosto de 2015

Dos amores que a distância constrói

Por Isadora Faria
Foto de Thiago R. Caetano Photography


Há exatamente um ano atrás eu estava eu aqui, no mesmo lugar, pensando que começaria uma vida nova ao seu lado. Expectativas borbulhando em minha mente. Malas prontas, passagem nas mãos e um coração cheio de amor e esperanças. Mas foi só eu pisar no seu território e conhecer a sua área para que toda uma alma viva de sonhos desmoronasse em questões de segundos.


Por que você me chamou pra ir se não queria de verdade que eu fosse? Por que eu fui sem pensar? De quê adiantava o novo emprego, cidade nova, apartamento novo se na verdade eu não tinha você? Desde a minha chegada você se tornou uma fortaleza gélida e silenciosa. Onde havia se escondido aquele que conversava comigo durante horas? Onde estava a saudade? Esta sim, me seguiu por todos os dias... 

Tento mentir pra mim mesma afirmando que você foi mais um na minha lista de desastres amorosos, mas não adianta. Você fez sim toda a diferença na minha vida, desde o primeiro minuto em que te conheci. Eu tinha certeza que tudo daria certo entre nós. Mas não era pra ser. E mesmo assim, ainda lembro-me das nossas primeiras conversas. Você lá e eu cá. Uma vontade imensa de ficar juntos, que hoje justifica ainda mais a minha certeza de que a distância torna as coisas melhores. Aquele querer tocar e não poder, querer sentir o cheiro e não conseguir. 


Parecia tudo tão perfeito... E era. Era perfeito porque não era real. Fui eu que quis demais? Ou você que não soube dizer “não” quando devia? Esperou pra ver até onde ia dar essa história toda e quem ia sair na pior ou se safar dessa. Sei que você não está com ela, nem com uma e nem outra... Ah, é tão ridículo quando me lembro da sensação do exato momento em que percebi você. 

Me senti como uma criança que descobre que Papai Noel não existe. O que me conforta é que provei para mim mesma que tenho força para seguir. Mais uma vez. Vi que uma ilusão pode doer, mas não mata. Quem morre aos poucos é quem engana, mata um pouco de si a cada vez que ilude alguém. Assim você e seu mundo perfeito de amor, que não passa de imaginário, estão se destruindo. Eu? Continuo aqui, do lado real da história.


Trilha sonora do post: Víbora - Tulipa Ruiz





Isadora Faria é jornalista e fotógrafa. Cosplay da Frida Kahlo nas horas vagas e mineira com orgulho. É melhor ouvinte do que falante. E como uma boa boêmia, topa qualquer parada, desde que tenha uma cerveja bem gelada.



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