22 de agosto de 2014

Black (girl) power

Reprodução da internet

Conheço Carol desde que ela nasceu. Somos vizinhas, nossas famílias são amigas e não me faltam memórias das brincadeiras juntas, apesar da diferença de idade. Mesmo na minha consciência infantil, sempre admirei a forma que as mulheres da família dela eram e são. 

Hoje noto que Carol se tornou forte e cheia de personalidade porque ensinaram a ela seu valor. Faço uma ressalva para a tia Márcia, que não imagina o quanto a admiro por ser sempre uma referência de mulher inteligente. Em nossas diferentes experiências e identidades, crescemos. Então ela está aqui porque compartilhamos uma paixão: escrever. Abro o espaço para Carol contar um pouco sobre quem ela é e quem está se tornando.


Me chamo Ana Carolina e gosto que me chamem de Ana ou de Carol. Tenho 15 anos, adoro ouvir as pessoas e também de falar muito. Nunca me encontrei em nada a não ser na escrita. Sou apaixonada pelo meu cabelo, adoro ler, sou muito sincera , teimosa e brava. Amo RAP e acho que a vida é muito para eu seguir um só caminho.

  
Ser negra na sociedade em que vivemos é um desafio que começa da hora que acordamos até a hora que vamos dormir. Ninguém quer ser negro? Por vezes me fiz essa pergunta e cheguei à conclusão que poucas pessoas querem ser negras, e eu sou uma dessas que estão dispostas a encarar o mundo e se preciso rebelar até o último fio de cabelo crespo. Isso significa ter que lidar com os comentários preconceituosos que sempre surgem no meu meio de amigos, na escola e etc. Mas sou muito bem resolvida e quando o assunto é esse eu tenho argumentos para debater qualquer tipo de racismo, mesmo vindo de pessoas que não tem consciência de que estão sendo racistas. Me ensinaram a ter autoestima.

Eu amo a cor da minha pele, o meu cabelo e aprecio a beleza negra. Me inspiro em personalidades como Lauryn Hill e Erykah Badu . Eu incluo o cabelo crespo no meu padrão de beleza porque sempre me foi mostrado assim. Aprendi a achar bonito e acho. Mas essa não é a realidade de todas as meninas negras, já que a mídia nos menospreza e não mostra o valor do negro. Não fazemos parte de um padrão de beleza socialmente aceitável e somos excluídos das piores formas possíveis. 

Um gênero musical que representa muito bem minha raça e é muito importante para mim é o RAP, que chegou aos meus ouvidos por influência da minha família. Com o RAP aprendi muitos valores que hoje levo no meu dia a dia . 

Ser eu (negra) na sociedade não é fácil e sei que muitos dilemas e acontecimentos estão por vir, porém sigo minha caminhada e me despeço dessa apresentação com uma frase importantíssima de um ídolo: 


'' (...) por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor (...) Como fazer duas vezes melhor, se você está pelo menos 100 vezes atrasado? Atrasado pela escravidão, pela história, pelo preconceito, pelos traumas, pelas psicoses, enfim por tudo que aconteceu. Duas vezes melhor como?" (...)Ou melhora, ou você é o melhor ou o pior de uma vez, sempre foi assim, se você vai escolher o que estiver mais perto de você, mais perto da sua realidade, você vai ser duas vezes melhor como? Quem inventou isso daí? Quem foi o pilantra que inventou isso daí? Acorda pra vida .'' Mano Brown (Racionais Mc's)










Acompanhe os devaneios e escritas da Carol na página Controverso



2 comentários:

  1. Parabéns Jéssica, seu blog ta cada dia mais interessante. Parabéns também Carol, sua personalidade e consciência são inspiradoras.

    Abraço

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    1. Oi Douglas! Obrigada! Continue nos acompanhando ;)
      Abraços!

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