14 de janeiro de 2015

Ela quer te encontrar


Ela gostava de frequentar uma casa de shows chamada Sagarana. Ia sempre com a galera da faculdade e o ingresso custava cinco reais. Lá, uma banda chamada “Quadrado Fino” tocava com frequência uma música que marcou essa fase da vida dela. A canção era “Mistério do Planeta” dos famosos, mas até então pouco íntimos dela, Novos Baianos. Ela gostava da música porque entre os trechos que conseguia entender em meio às vozes bêbadas e os acordes e gritos de festa, estava um que hoje ela quer tatuar no corpo. “E pela lei natural dos encontros eu deixo e recebo um tanto”. Ela acredita que tudo na vida é encontro. Da trombada na rua hoje de manhã, passando por aquele antigo paquera e chegando até agora, entra ela e você que lê.

Ela nasceu do encontro de um cara que deu carona em seu fusquinha azul para uma moça em busca de emprego. A moça não conseguiu o emprego, mas arranjou um amor. Foi tudo como mandava o protocolo. Paquera, romance, namoro, noivado, casamento, espera um pouquinho e... Ela. Ela se encontrou com esse mundo há vinte e três anos. De lá para cá foram muitos outros encontros. 

Brothers

Há dezenove anos encontrou Léo, o irmão mais novo. Em seus encontros diários eles conversam, implicam um com o outro, fazem "palhaçadas"e trocam conselhos amorosos que quase nunca dão certo. Ela e Léo foram criados pelas avós. Enquanto os pais trabalhavam as crianças revezavam o dia entre a escola e as casas das avós. Damiana e Wilma são vizinhas de portão. É, eles têm sorte. Tinha bolo, brinquedo espalhado pelo quintal, correria na rua e quase não tinha bronca. 



As casas de número 145 e 155 continuam lá, vizinhas e cheias de acolhimento. As avós tricotam juntas e adoram receber a neta extrovertida que antes era uma criança tímida que adorava escrever e inventar histórias. As histórias de menina também eram encontros. Ela tinha dentro da cabeça seu fantástico mundo povoado de gente, de coisas, sonhos e personagens. A timidez e a criatividade fizeram com que a mãe a levasse até outro encontro. Ela e o teatro. Esse encontro, ou seria trágico ou apaixonante. Ela apaixonou-se. Encontrou no palco a segurança para ser várias e também ela mesma.

Na peça "O diário de Anne Frank" 2011
 Aos poucos, a menina tímida foi virando uma adolescente risonha e questionadora. Quando não estava brincando de ser no teatro, brincava de narrar o novo em seus velhos cadernos. A escrita mostrava quem ela era e o teatro quem ela podia ser. Na oitava série, sob o comando de um jornalista recém-formado, ela e alguns amigos montaram um jornal impresso na escola. Desde aí o desejo de informação, formação, questionamento e crítica só crescia. Ela sabia que seria jornalista. Os olhos de menina já estavam atentos para o mundo que ela queria descobrir e contar. 

O encontro com si mesma veio quando ela conseguiu entrar na universidade pública e foi morar longe de casa. Encontrou independência, divergências, dúvidas, sonhos, certezas, amizades, lares e amor. Reencontrou-se consigo. A menina foi se encontrando com a mulher, que se encontrou nela e que encontrou o feminismo. Tudo se misturou num caldeirão de universos que ela teve sede de descobrir. 

Foto: Marllon Bento

Descobriu que não fazia Jornalismo só porque gostava de escrever, conhecer e ouvir gente. Na escrita ela sempre encontrou o que tinha de mais sensível em si e no Jornalismo a força para tornar aquela sensibilidade algo transformador. Queria ouvir e usar o poder de sua voz para contar um mundo melhor. Direitos Humanos, humanos direitos. 

Ela é canceriana e até acredita em horóscopo. É intuitiva e seu jeito gente boa com sorriso escancarado pode ser manipulador. Persegue uma segurança que talvez nem queira. É intensa, mas já gastou grande parte de sua cota de impulsividade cometendo loucuras de amor. Acredita no poder de revolução das mulheres. Adora audiovisual e vive cheia de ideias. Chora, mas prefere dar risada do que deveria ser trágico. Ama chocolate e aquela música dos Novos Baianos. Ela acabou de se encontrar com você. Ela sou eu. Prazer, Jéssica. 


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5 comentários:

  1. Nossa mais um belo texto, Encontros..eu lembro de vários encontros que você mencionou alguns deles tive a grata satisfação de presenciar bem de pertinho, ( a do fusca eu não tinha idade pra trabalho rsss) os muitos encontros com as avós, com seu manim, com o teatro, com o jornalismo e com o vídeo. Encontros,lembro de encontros e despedidas, eu prefiro os encontros são sempre mais alegres e efusivos assim como é quando nos encontramos e talvez por isso (sem programar) na ultima vez que nos encontramos não nos despedimos e agora Acabou de Chorare....Jessica a Nova Baiana, bj

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  2. Nossa mais um belo texto, Encontros..eu lembro de vários encontros que você mencionou alguns deles tive a grata satisfação de presenciar bem de pertinho, ( a do fusca eu não tinha idade pra trabalho rsss) os muitos encontros com as avós, com seu manim, com o teatro, com o jornalismo e com o vídeo. Encontros,lembro de encontros e despedidas, eu prefiro os encontros são sempre mais alegres e efusivos assim como é quando nos encontramos e talvez por isso (sem programar) na ultima vez que nos encontramos não nos despedimos e agora Acabou de Chorare....Jessica a Nova Baiana, bj

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  3. Lindoo Texto Jé! Tenho muito orgulho de voce, nosso primeiro encontro foi quando sua Mae chegou com voce no Colo na casa da sua vó Damiana No dia do Meu aniversario! Sim eu ganhei de aniversario uma prima que eu amo muito, dividimos bonecas, fizemos muitos passeios, já rimos e choramos juntas, já dividimos bolos e ate possivelmente paqueras rs, Estou longe mas Estou Seguindo seus passos pois te admiro muito e tenho certeza que seu Amor esta a sua procura e não pode esperar para te conhecer. Bjos

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